Brasil é o país que mais avança, apesar da variável 'educação' puxar IDH para baixo
Variação no ranking
(2009-2010)
Brasil | 4 |
França | 2 |
Irã | 2 |
Indonésia | 2 |
Iêmen | 2 |
Laos | 1 |
Índia | 1 |
Congo | 1 |
Papua Guiné | 1 |
Senegal | 1 |
"Os números do Brasil em relação a expectativa de vida, por exemplo, mostram que o país teve uma evolução muito rápida. Isso é importante. Quando a gente olha para a renda, houve uma estabilidade durante os anos de crise (2008 e 2009) e agora a renda per capita já subiu mais de US$ 600. Os dados da educação também mostram um grande avanço. A perspectiva era de 7,2 anos de estudo para brasileiros acima de 25 anos. Hoje é de 13,8 para quem está entrando agora na escola. O sistema educacional está sendo transformado, embora ainda falte bastante para o país entrar no grupo do IDH muito alto", analisou o economista do Pnud, Flávio Comim.
Segundo ele, não existe uma causa específica para o avanço do Brasil. O bom desempenho é um reflexo do crescimento equilibrado e constante registrado nos últimos anos. "É importante olhar para esse modelo do Brasil, onde não se cresce muito em uma área, mas se cresce de forma geral e consistente", disse o economista.
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A população brasileira registra 7,2 “anos médios de escolaridade” entre os adultos, e 13,8 “anos esperados de escolaridade” para as crianças. Os dois valores entram no cálculo do IDH – e nos dois o Brasil vai pior do que os vizinhos Chile (9,7 e 14,5), Argentina (9,3 e 15,5), Uruguai (8,4 e 15,7) e Peru (9,6 e 13,8).
Na comparação exclusiva com Peru, estes resultados foram o elemento decisivo para que o Brasil tivesse um IDH mais baixo que o país andino, já que a expectativa de vida é semelhante, e a Renda Nacional Bruta per capita peruana é mais baixa do que a brasileira. Esses dois dados entram junto com as variáveis da educação no cálculo do índice.
Uma simulação feita a partir do banco de dados do Pnud (http://hdr.undp.org/en/data/build/) confirma que entre os fatores renda, saúde e educação, é no último que os brasileiros têm desempenho mais fraco. Se o IDH levasse em conta apenas a questão da escolaridade, a posição do Brasil no ranking mundial passaria de 73 para 93.
Ranking do IDH 2010
1 | Noruega | 0,938 |
2 | Austrália | 0,937 |
3 | Nova Zelândia | 0,907 |
4 | Estados Unidos | 0,902 |
5 | Irlanda | 0,895 |
6 | Liechtenstein | 0,891 |
7 | Holanda | 0,890 |
8 | Canadá | 0,888 |
9 | Suécia | 0,885 |
10 | Alemanha | 0,885 |
... | ... | ... |
73 | Brasil | 0,699 |
Segundo ele, países como o Peru e a Guatemala podem ser mais pobres em termos de renda, mas são mais avançados no sistema educacional, por exemplo. "No Brasil, existe um nível superior de excelência, mas o resto da educação é ruim. Há muita desigualdade", disse.
Cálculo do IDH
Desde sua formulação original, o IDH é calculado a partir de três pilares: educação, saúde e renda. No entanto, a partir de 2010 o Pnud atualizou a metodologia de cálculo com o objetivo de conseguir resultados mais precisos.A medição da saúde não sofreu alterações, e ainda é avaliada a partir do indicador “expectativa de vida”. No caso da educação, a antiga variável “alfabetização” foi trocada por “anos médios de estudo”, e o dado “matrícula” foi substituído por “anos esperados de escolaridade”.
A medição do padrão de vida também sofreu alteração: o antigo Produto Interno Bruto per capita foi trocado pela Renda Nacional Bruta per capita, que leva em conta renda enviada e recebida do exterior.
Outra novidade é que as três notas normatizadas não são mais agregadas com média aritmética simples, ou seja, somando-se todas e dividindo o resultado por três. Agora, os índices parciais são multiplicados e o resultado é submetido a radiciação cúbica, na chamada média geométrica.
A vantagem matemática é que países com resultado moderado nos três índices obtém nota final maior do que países com resultados parciais muito desiguais.
Nota do MEC
Em nota, o Ministério da Educação (MEC) considerou que os novos indicadores educacionais propostos para o IDH precisam ser mais bem esclarecidos e que a data e a fonte oficial dos dados que constam do relatório devem ser definidas com mais clareza.O Ministério defendeu ainda que o indicador de desigualdade dialogue com a série histórica, porque “a velocidade de redução das desigualdades é um traço marcante das políticas recentes do Brasil”. “Essa contagem pune, em termos de índice, os países que construíram políticas sociais e educacionais nos últimos dez anos”, disse.
Em oito anos, a taxa nacional da escolaridade média de pessoas acima de 25 anos de idade cresceu 21,1%”, assinalou a nota. O MEC ressaltou ainda que, por conta de mudanças na metodologia, o novo IDH não é comparável com o dos relatórios anteriores.
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