Cartórios sem restrição para os casais gays
Publicado em 18.05.2011
Do Jornal do Commercio
Os casais homoafetivos não devem encontrar dificuldade nos cartórios para registrar o contrato de união estável, direito reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no último dia 5. De acordo com a Associação dos Notários e Registradores de Pernambuco (Anoreg), entidade que agrega cartórios do Estado, a rotina dos tabelionatos será mantida porque o contrato entre pessoas do mesmo sexo é semelhante ao texto dos documentos assinados por heterossexuais.
De acordo com o assessor jurídico da associação, Israel Guerra, não há necessidade de fazer capacitação ou orientar as equipes sobre a norma. "O texto do contrato é o mesmo. Basta alterar o nome e o sexo das pessoas. O assunto já é de pleno conhecimento dos tabeliães", explica.
Ainda segundo o assessor, os cartórios não são obrigados, por enquanto, a registrar oficialmente as uniões homoafetivas porque a resolução ainda não foi publicada no Diário Oficial da União. "Como o assunto foi amplamente divulgado pela imprensa em todo o País, muitos cartórios estão aceitando. Mas já ouvimos de alguns associados que eles irão esperar a publicação no Diário Oficial para começar a emitir as certidões", acrescentou Israel Guerra.
Prova de que não há problemas para oficializar a união é o casal formado pela engenheira Adriana Dornelas, 33 anos, e a mercadóloga Andrea Canto, 29. "Não encontramos dificuldade. Ao contrário. Fomos muito bem tratadas", disse Andrea. O documento foi liberado pelo Cartório de Notas Pauliana Porto, em Bairro Novo, Olinda.
O casal já goza de direitos restritos, até então, às uniões heterossexuais. "Sou dependente do plano de saúde de Adriana", informou Andrea. A expectativa das duas, agora, é adotar uma criança. "Com a resolução do STF, vamos poder realizar nosso sonho. Vamos dar entrada no processo de adoção", acrescentou Andrea.
A resolução do STF foi discutida ontem, Dia Internacional de Combate à Homofobia, no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE), em debate promovido pela ONG Leões do Norte.
O presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem, Jayme Asfora, disse que vai encaminhar ao governo do Estado um ofício sugerindo a criação de uma delegacia para crimes homofóbicos. "Temos experiências bem-sucedidas com as Delegacias da Mulher e do Idoso. Seria muito bom ampliar esse atendimento diferenciado", explicou. Em maio do ano passado, a OAB-PE solicitou que a Corregedoria-Geral de Justiça emitisse um provimento orientando os cartórios a acatar a união estável de casais homoafetivos.
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