Depois de uma derrota que poderia não ter figurado em seu currículo, o senador Humberto Costa (PT) quer distância das campanhas majoritárias por um bom tempo. Ponderando as dificuldades que seu partido enfrentará no Estado após perder a Prefeitura do Recife, ele lançou nesta segunda (10) o nome do correligionário e ex-companheiro de chapa, João Paulo, para a disputa do Governo de Pernambuco em 2014.
“O nome do PT, seja para compor ou seja para ter candidatura majoritária nas próximas eleições, é o de João Paulo. Mas claro que precisaremos ter as condições para disputar”, defendeu ontem o senador, durante almoço de confraternização com jornalistas.
Surpreso com as declarações, o deputado foi cauteloso. Afirmou que a prioridade do PT agora deve ser discutir qual a contribuição que o partido em Pernambuco vai dar para a reeleição da presidente Dilma Rousseff.
“Agradeço a lembrança de Humberto. Mas ainda é cedo para falar em disputa majoritária. Estou apostando que o PSB estará conosco, com a presidente em 2014”, assegurou João Paulo complementando que ele e os demais líderes do PT devem buscar agora a unidade. “O partido precisa ser reconstruído e nós vamos ao interior junto com Humberto e Pedro Eugênio (presidente estadual) buscar nos refazer”, disse.
Humberto reconheceu que a situação do PT é delicada independentemente do destino do governador Eduardo Campos (PSB), que ele classificou como uma pessoa “determinada, ambiciosa, obstinada pelo poder”. O senador afirma que se Eduardo não for candidato a presidente e decidir apoiar a reeleição de Dilma, deve ficar inviável para o PT disputar o comando do Estado. “Se Eduardo sair contra Dilma, aí o PT nacional deve querer que tenhamos palanque. Vai ser difícil porque o governador certamente vai querer levar todos os votos em Pernambuco”, opinou.
Humberto afirmou que tem alertado os petistas nacionais do perigo que Eduardo Campos representa. “Sempre digo em Brasília: não subestimem! Ele vende utopias que seduzem muito a nova classe C. Eu não duvido de que ele possa vir a ser um nome forte em 2014”. Instado a comentar o cenário local com a decisão do PT do Recife de apoiar o prefeito eleito Geraldo Julio (PSB), Humberto demonstrou preocupação com o programa que a legenda vinha tocando nos 12 anos em que esteve no poder.
“Eles (o PSB) fizeram campanha com um discurso de oposição, especialmente na área da saúde. O PT deve figurar durante muito tempo como uma alternativa de poder. Mas como consolidar essa posição se você está numa base tão ampla? E como se portar diante da intenção do novo governo em se desfazer de projetos que são caros ao PT?”, indagou. Para Humberto, o PT, se for convocado, será para ocupar “secretarias periféricas” na administração do PSB.
O senador não acredita que na reunião do diretório estadual do PT, sábado (15), haverá chance de os diretorianos reavaliarem a decisão tomada pelo PT no Recife. “Fizemos várias reuniões (sobre o apoio a Geraldo Julio), mas perdemos porque a CNB foi para votação dividida. Paciência! Não acredito numa mudança de decisão por parte da estadual”, concluiu.
Do Jornal do Commercio
Nenhum comentário:
Postar um comentário