Espaço do Internauta

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Fernanda Paes

Glória do Goitá se despede de sua matriarca




Conhecida como a “Mãe dos pobres”, a ex-prefeita de Glória do Goitá (1997-2004), Fernanda Dornelas Paes, faleceu na manhã de ontem, após sofrer duas paradas cardíacas. Ao sofrer o primeiro infarto, por volta das 8h, ela foi socorrida e conseguiram reanimá-la, mas não resistiu à segunda vez, perto das 9h30. O enterro está marcado para as 10h, desta terça-feira, no cemitério Santo Urbano, em Glória do Goitá, onde encontra-se o túmulo da família.
Prestes a completar 75 anos, no próximo dia 25 de janeiro, a matricarca sofria de Apneia do sono e Diabetes, fatores que agravavam seu estado de saúde, segundo explicou seu filho e prefeito do município, Djalma Paes (PSB).

Até as 17h de ontem, o velório transcorreu na casa onde Fernanda morava, no Recife, na avenida Rosa e Silva, nos Aflitos. Depois, o corpo seguiu para Glória do Goitá, onde moradores aguardavam na entrada da cidade com faixas e cartazes em homenagem.
Apesar de residir na capital pernambucana, Fernanda frequentava, semanalmente, a cidade do Agreste para monitorar o funcionamento no posto de gasolina e da cerâmica dos de sua propriedade, segundo contou Antônio Francisco (40), conhecido como Toinho do Chalé, que trabalhou durante mais de 20 anos com Fernanda. Ela também era tabeliã do Cartório de Protesto do 1º Ofício.

“Mesmo numa cadeira de rodas, ela não parava. Tinha uma personalidade muito inquieta. Além de liderança política, tinha preocupação especial com a família. Toda quinta-feira fazia um almoço para toda família aqui na casa. Por conta disso, foi personagem de uma reportagem do Globo Repórter. Era lúcida, muito alegre e gostava muito de festa”, recordou Djalma.

Fernanda deixou seis filhos (Silvana, Djalma, Roberto, Fernando, Adriana e Normando), 18 netos e dois bisnetos. “Meu pai tinha o sonho de ser prefeito e ela foi prefeita para fazer o que ele tinha sonhado”, contou Djalma, cujo pai, já falecido, Djalma Souto Maior Paes, foi vereador, presidente da Cãmara de Glória do Goitá e chegou a assumir a prefeitura por um tempo.
Desde 1960, o patriarca apoiava o ex-governador Miguel Arraes (PSB) para quem organizava comícios naquela região. Em época conturbada de movimentos das ligas camponesas, Fernanda, assustada, temendo pela vida do marido, pediu a ele que deixasse a política.

Anos depois, no retorno de Arraes do exílio, Djalma pediu uma audiência com o ex-governador e prometeu trabalhar por ele da mesma forma. Ao perceber que o marido sentia-se frustrado longe da política e, em uma cadeira de rodas, não tinha mais condições físicas de arcar com o compromisso, Fernanda decidiu candidatar-se a prefeita e foi quando o filho Djalma também entrou para política. Eram os idos de 1986.

Reconhecida pelo trabalho social em Glória do Goitá, Fernanda mantinha a creche Nossa Senhora Auxiliadora com 150 crianças, ergueu o hospital Djalma Paes com o salário que recebia como prefeita, construiu o santuário de Mãe Rainha e doou cerca de 1.800 casas à população daquele município.

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