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segunda-feira, 20 de abril de 2015

Corpos de vítimas em sede de torcida do Corinthians são enterrados em SP

Corpos de vítimas da chacina na sede da torcida Pavilhão Nove, do Corinthians, foram velados e enterrados nesta segunda-feira (20) na capital paulista e na região metropolitana de São Paulo. Ao menos seis corpos foram enterrados nesta manhã.
O crime ocorreu no sábado (18) na quadra da torcida que fica perto da Ponte dos Remédios, Zona Norte de São. Testemunhas contaram à polícia que três homens armados invadiram o local por volta das 23h depois de um dia de festa e executaram, a tiros, oito homens. Um faxineiro foi poupado pelos criminosos, que pediram para ele se enrolar numa bandeira do Corinthians.
Velório do corpo de uma das vítimas da chacina que deixou 8 mortos na sede da torcida Pavilhão Nove (Foto: Edu Silva/ Futura Press/ Estadão Conteúdo )Velório do corpo de uma das vítimas da chacina que deixou 8 mortos na sede da torcida Pavilhão Nove (Foto: Edu Silva/ Futura Press/ Estadão Conteúdo )
Sobre o caixão do compositor Mydras Schmidt, de 38 anos, a bandeira da escola de samba Pérola Negra. Em 2014, ele foi puxador da escola de samba da Vila Madalena, bairro em que cresceu, e onde seu corpo foi velado. A bandeira da torcida Pavilhão Nove também estava presente no velório. Os amigos cobram uma apuração da chacina.
"Ele gostava somente do samba e do Corinthians. Muito ruim a gente perder ele. Queremos justiça", diz Luciana Pires, amiga de Mydras.
Além de Mydras, foram assassinados Ricardo Junior Leonel do Prado, de 34 anos, André Luiz Santos de Oliveira, de 29 anos,Mateus Fonseca de Oliveira, de 19 anos, Fabio Neves Domingos, de 34 anos,Jhonatan Fernando Garzillo, de 21 anos, Marco Antônio Corassa Junior, de 19 anos, e Jonathan Rodrigues do Nascimento, de 21 anos, foram assassinados.
Segundo a Polícia Civil, a ordem para executar os oito torcedores do Corinthians partiu de uma facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios. Dois suspeitos já foram identificados.

Antes da chacina, investigações feitas pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e pelo Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc) apontam que alguns dos mortos comandavam pontos de tráfico de drogas na região da Ceagesp, na Zona Oeste da capital paulista. Eles teriam se desentendido com grupos rivais.

Com base no que as testemunhas relataram, a polícia descarta que a motivação tenha sido uma rixa entre torcidas. Perto dos corpos foram encontradas cápsulas de pistola 9 mm. “Acabaram com a minha vida”, disse a mãe de uma das vítimas ao deixar a sede do DHPP, no Centro. 
Passagem pela polícia
Fábio Neves Domingos foi um dos 12 presos na tragédia que marcou a estreia do Corinthians na Copa Libertadores da América de 2013, contra o San José, da Bolívia. Na ocasião, o jovem torcedor boliviano Kevin Douglas Beltrán Espada, de 14 anos, foi atingido por um sinalizador da torcida do Corinthians e morreu.
No mesmo ano, depois de ser libertado, ele se envolveu numa briga de torcedores num jogo entre Vasco e Corinthians, em Brasília.  Para a polícia, ele era o principal alvo dos criminosos.
Pavilhão 9
A torcida organizada Pavilhão Nove foi criada em homenagem aos presos mortos em um dos pavilões da penitenciária do Carandiru, em outubro de 1992. Ela foi criada por um grupo de amigos que fazia trabalho social no presídio e promovia jogos de futebol contra o time "Corinthians do Pavilhão 9".
Sobrevivente viu execução
A mãe de um dos oito mortos contou ao G1 que um dos sobreviventes da chacina foi enrolado em uma bandeira do time e deixado vivo pelos criminosos. "Disseram para ele que ele tinha sorte que as balas tinham acabado e que ele ficou vivo para contar tudo", relatou. Segundo ela, outros rapazes que estavam no local conseguiram arrombar uma porta e fugir.
Ela esteve no Instituto Médico-Legal na manhã deste domingo (19) para fazer o reconhecimento do corpo do filho, e disse que as vítimas foram espancadas antes de morrer. "Deixaram o rosto e o braço dele todo machucado", afirmou. Ela preferiu não se identificar por medo de represálias.
Erasmo Carlos, cunhado de André Luiz de Oliveira, um dos mortos, pediu justiça. Ele esteve no IML neste domingo. "A gente espera justiça. Isso passa direto na televisão. Essa violência não pode ficar impune", defendeu.
Maria Enédna de Abreu, amiga de parentes das vítimas, afirmou que os torcedores eram boas pessoas. "Não dá pra entender o que aconteceu. Os meninos eram bons", disse.
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 Oito pessoas morrem depois de serem baleadas na sede da Pavilhão 9, na Ponte dos Remédios, em São Paulo, SP, na noite deste sábado (18) (Foto: Edison Temoteo/Futura Press/Estadão Conteúdo)Oito pessoas morrem depois de serem baleadas na sede da Pavilhão 9 (Foto: Edison Temoteo/Futura Press/Estadão Conteúdo)

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