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quarta-feira, 23 de julho de 2014

Morre aos 87 anos o escritor Ariano Suassuna

(Autor escreve obras famosas como "Auto da Compadecida" e "O Romance d'A Pedra do Reino" - Hesíodo Góes/Folha de Pernambuco)
Folha PE
Em decorrência de grave acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico e uma parada cardíaca provocada por hipertensão intracraniana, morreu na tarde desta quarta-feira (23), no Real Hospital Português, o escritor paraibano Ariano Suassuna, aos 87 anos. Ele estava em coma e respirava com ajuda de aparelhos após ter sido internado com um sangramento no cérebro na última segunda-feira (21). O velório do autor será aberto ao público partir das 23h desta quarta-feira no Palácio do Campo das Princesas. O enterro acontece nesta quinta-feira, a partir das 16h, no cemitério Morada da Paz.
O autor de “Auto da Compadecida” sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) e precisou passar por um procedimento cirúrgico de emergência na noite da última segunda-feira (21), no qual foram colocados dois drenos para controlar a pressão intracraniana vascular. Durante a tarde da terça-feira (22), surgiram rumores sobre a morte do dramaturgo, os quais foram desmentidos pela assessoria do hospital e familiares do paciente. Após a negação da morte, a assessoria do hospital liderou um boletim médico na noite da terça (22) informando que a situação clínica de Ariano havia passado de estável para instável, sendo registrada queda da pressão arterial e pressão intracraniana muita elevada no paciente.
A saúde do autor de “Auto da Compadecida” e de “O Romance d’A Pedra do Reino” estava fragilizada desde agosto do ano passado, quando o escritor precisou ser hospitalizado após sofrer um infarto agudo do miocárdio. Ele chegou a receber alta médica, mas teve que voltar ao Hospital Português depois de apresentar um quadro de aneurisma cerebral. Após se recuperar, Ariano continuou viajando pelo Estado para apresentar suas aulas-espetáculo, mesma atividade que desempenhou na sexta-feira passada (18), durante o Festival de Inverno de Garanhuns, quando foi visto em público pela última vez. Ariano deixa a esposa, Zélia, seis filhos e 13 netos.
Confira a nota de falecimento, na íntegra:
“O escritor Ariano Suassuna, em decorrência de grave Acidente Vascular Cerebral (AVC) Hemorrágico, faleceu nesta quarta-feira (23/07), às 17h15, no Real Hospital Português, onde estava internado desde a última segunda-feira (21/07). O paciente teve uma parada cardíaca provocada pela hipertensão intracraniana. A família ainda não informou os detalhes do funeral”.
Obra
Talvez a obra mais marcante do autor paraibano, radicado em Pernambuco, por seu apelo entre leitores e relevância na cultura popular, seja “Auto da Compadecida” (publicado originalmente em 1955), livro que condensa suas ideias sobre arte e vida. A história foi escrita originalmente para o teatro, mas depois foi adaptada, com sucesso de público, para o cinema. ”O Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta” (1979) também é outro destaque da obra de Ariano. Na época do lançamento, o livro foi considerado um marco na literatura nordestina, baseado na cultura popular, com inspiração na literatura de cordel, nos repentes e emboladas.
Ariano se destacou também como um dos idealizadores do Movimento Armorial, uma escola de pensamento que tinha como objetivo intelectual criar uma espécie de arte erudita a partir de marcas da identidade da cultura popular. O Movimento pretendia investigar novas possibilidades de criação não apenas na literatura, mas também na música, na dança, nas artes plásticas, no teatro e no cinema. A proposta foi oficialmente lançada em 1970, com a produção de um concerto e uma exposição de artes plásticas no Pátio de São Pedro, no Centro do Recife.
No fim de 2013, Ariano finalizou “O jumento sedutor”, o primeiro volume de uma série que vinha escrevendo há 33 anos. O título do livro foi pensado para celebrar “O ano de ouro”, do escritor romano Lúcio Apuleio, que viveu no século II. A obra ainda não foi lançada.

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