A comunidade Capim Melado, em Ititioca, está em luto. É que durante a madrugada desta terça-feira (13), um incêndio que atingiu uma vila de casas na Rua Ricardino Osório matou cinco pessoas, todas da mesma família. Rosângela Maria do Nascimento, de 32 anos, grávida de seis meses, seus três filhos, William Barbosa dos Santos, de 10, Marcos Vinícius dos Santos, de 6, Iuri dos Santos Barbosa, de 3 anos, e a enteada Janaína Barbosa dos Santos, de 13, tiveram seus corpos carbonizados. O pai das crianças, Genane Barbosa dos Santos, de 31 anos, ainda tentou salvar a família, pulando pelo buraco do ar-condicionado para tentar abrir a porta pelo lado de fora, mas não conseguiu e sofreu queimaduras. Ele está internado no Hospital Estadual Alberto Torres (Heat), em estado grave.
Bombeiros informaram que o incêndio teria sido causado por uma vela acesa na sala da casa. As chamas tomaram todo o imóvel e parte da casa ao lado. De acordo com Ginderlane dos Santos, de 19 anos, vizinha e sobrinha do pai das crianças, a tragédia só não foi maior porque sua filha, uma menina de dois anos, acordou no momento em que as chamas destruíam o sofá da sala onde mora.
“Deus colocou minha filha como um anjo na minha vida. Foi ela quem me acordou no momento em que o sofá da minha casa estava em chamas. Não sei nem o que seria da minha vida se ela não me acordasse. Minha única reação foi jogar água para apagar o fogo. O barulho dos gritos das crianças era aterrorizante”, lembrou.
Severina Maria da Conceição, de 57 anos, avó das crianças e sogra de Rosângela, lamentou as mortes.
“Acabo de perder uma parte de mim, estou completamente sem chão, sem saber o que fazer ou até mesmo agir. Nosso domingo do Dia das Mães foi maravilhoso, estávamos todos contentes. Jamais passou pela minha cabeça que uma tragédia como esta fosse acontecer na minha família. Jamais irei conseguir tirar essas imagens da minha cabeça”, desabafou.
A ex-mulher de Genane e mãe da adolescente Janaína Barbosa dos Santos, Adriana Maria Germano, de 28 anos, esteve no local e comentou a tragédia.
“Perdi minha menina, minha primeira filha. Não sei o que vai ser da minha vida daqui pra frente. A casa ficou completamente destruída, não sobrou nada. Mesmo separada do Genane, eu tinha um carinho muito grande pela família dele, eu amava as crianças como se fossem meus filhos. É uma tragédia que não tem explicação. Parece que caiu um carro muito pesado em nossas cabeças”, desabafou Janaína. “O Genane tentou fazer de tudo para salvar sua esposa e as crianças, mas infelizmente não conseguiu. A última frase que ele ouviu da Rosângela, era ela pedindo para crianças ficarem calmas que o papai iria salvá-los”, acrescentou.
Irreconhecíveis, os corpos foram levados para o Instituto Médico Legal (IML) do Barreto e, segundo o médico legista, só serão identificados formalmente após coleta de materiais genéticos dos familiares, já que a temperatura local foi acima de 800 graus.
Segundo parentes, o sepultamento das vítimas da tragédia, que está sendo providenciado pela prefeitura de Niterói, deve ocorrer na tarde de hoje, no cemitério do Maruí, no Barreto. Ainda de acordo com a família, serão realizados seis sepultamentos, já que o bebê precisou ser retirado da barriga de Rosângela.
Prefeito se solidariza - Em seu discurso na inauguração do Reservatório de água de Itaipu, o prefeito Rodrigo Neves lamentou a tragédia ocorrida na comunidade do Capim Melado e prometeu dar assistência à família das vítimas.
“Eu cheguei um pouco atrasado na inauguração porque soube de uma tragédia que ocorreu na comunidade na região de Ititioca. Soube que todos são de uma família muito carente e por isso já coloquei algumas secretarias à disposição desta família. Iremos fazer o que for necessário para ajudar essas pessoas, é lamentável um fato como este”, disse o prefeito.
Familiares das vítimas disseram que era comum o uso de velas porque o local sofria com inúmeras quedas de energia devido à ligações clandestinas de luz. Moradores alegam que já pediram a regularização da situação.
A Ampla informou que há uma grande concentração de ligações irregulares, realizadas de forma clandestina, na localidade de Ititioca. A empresa esclarece que trata-se de uma área que encontra dificuldade de atuação por razões de falta de segurança, que colocam em risco a integridade dos técnicos da companhia. A Ampla acrescenta que aguardará perícia das autoridades competentes sobre as causas do acidente.
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